Vencedora paraguaia do prêmio Ingenias LATAM 2025 inventou moléculas inovadoras para o tratamento da doença de Chagas e da leishmaniose
A Dra. Gladys Antonieta Rojas de Arias, bióloga e inventora de compostos (moléculas sintéticas) derivados do 2,5-dihidroxibenzil, foi anunciada como a vencedora paraguaia do prêmio Ingenias LATAM 2025 por sua invenção protegida nacionalmente para o tratamento da doença de Chagas e da leishmaniose. O prêmio é uma iniciativa do Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO), no âmbito do projeto AL-INVEST Verde DPI, financiado pela UE. Seu objetivo é dar visibilidade e promover o talento feminino no campo da propriedade intelectual (PI) e da inovação na América Latina. A cerimônia de premiação foi realizada em 4 de setembro na sede do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INAPI) do Chile, em Santiago do Chile, co-organizador e anfitrião dessa primeira edição do prêmio, que se concentra em mulheres inventoras com invenções protegidas por direitos de PI.
A curiosidade científica da Dra. Rojas de Arias nasceu em sua infância, observando insetos e coletando caranguejos na costa da Venezuela, seu país de origem. Sua carreira profissional a levou da Venezuela, onde estudou biologia, para São Paulo (Brasil) e País de Gales, especializando-se em zoologia, saúde pública e entomologia médica. Finalmente, estabeleceu-se e naturalizou-se no Paraguai, onde dedicou sua carreira ao controle e tratamento de doenças negligenciadas transmitidas por vetores que afetam milhões de pessoas na região, especialmente as mais pobres: "Tanto a doença de Chagas quanto a leishmaniose são doenças ligadas à pobreza, são patologias sociais e atacam populações vulneráveis devido à situação e às condições de vida em que se desenvolvem", diz ela. Somente na América Latina, mais de 6 milhões de pessoas vivem com a doença de Chagas, e até 1,5 milhão de novos casos de leishmaniose são registrados a cada ano em todo o mundo, com uma alta concentração em áreas rurais e marginalizadas.
Após décadas de pesquisa, a Dra. Rojas de Arias e sua equipe desenvolveram um método acessível e eficiente para sintetizar compostos derivados do 2,5-dihidroxibibenzil com atividade comprovada contra os parasitas responsáveis pela doença de Chagas e pela leishmaniose. Ao contrário do composto natural, esta invenção permite que ele seja obtido a partir de moléculas disponíveis no mercado, por meio de um processo simples com alto potencial de aplicação industrial na fabricação de tratamentos farmacêuticos. A invenção está protegida por PI no Paraguai com a DINAPI, o que abriu as portas para sua transferência de tecnologia. "Depois que obtive a patente, minha prioridade foi colocá-la a serviço daqueles que mais precisam dela; por isso decidi disponibilizá-la para uma ONG comprometida com o desenvolvimento de medicamentos acessíveis para combater a doença de Chagas e a leishmaniose", disse a pesquisadora.
A Dra. Rojas de Arias tem sido uma figura importante e premiada no fortalecimento do ecossistema científico do Paraguai: ela foi a primeira mulher a presidir a Sociedade Científica Paraguaia em seus 96 anos de história, “esse cargo me deu uma plataforma que me ajudou a viajar pelo país apresentando a importância do desenvolvimento da ciência no Paraguai”, acrescentou ela, e tem sido conselheira do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Ela também promoveu a criação da Lei nº 7064/2023 do Paraguai, que criou o Sistema Nacional de Pesquisadores e estabeleceu a carreira de Pesquisador Científico, aprovada em 2013, lançando as bases legais para impulsionar a pesquisa científica no país. É também cofundadora, pesquisadora e ex-diretora técnica do Centro de Desenvolvimento da Pesquisa Científica (CEDIC, 2008), instituição sem fins lucrativos dedicada à pesquisa sobre doenças tropicais com ênfase na ligação entre saúde e meio ambiente e à formação de jovens pesquisadores. Atualmente, ela promove pesquisas científicas e tecnológicas na área de ciência de dados na Universidad Comunera.